Após dois dias de reuniões em Buenos Aires, o ministro Fernando Pimentel disse que os argentinos concordaram em liberar as exportações de calçados brasileiros a partir da semana que vem. Eles também avançaram na proposta do Mercosul que será apresentada dia 18 ou 19 à União Européia e falaram sobre acordo automotivo.
O ministro brasileiro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, sugeriu à saída do encontro com o chefe de Gabinete (Casa Civil) da Presidência argentina, Jorge Capitanich, que as mudanças no Ministério do país vizinho deram novos ares à relação bilateral – estremecida nos últimos tempos graças, em grande parte, aos efeitos das barreiras comerciais e a imprevisibilidade que permeou a gestão do ex-secretário de Comércio Interior, Guillermo Moreno, e outras decisões argentinas que afetaram investimentos brasileiros no país.
“A reunião foi muito boa. Uma longa conversa e muito positiva. Tratamos de vários temas. Na nossa opinião está ocorrendo uma mudança importante na política econômica e na condução econômica na Argentina. Acho que é uma mudança (de autoridades) muito positiva e acho que vamos avançar muito, a partir de agora no diálogo com os argentinos”, disse Pimentel à saída da Casa Rosada, a sede da Presidência argentina.
Como na reunião da véspera, no Ministério da Economia, os jornalistas brasileiros não tiveram acesso ao interior do edifício. Pimentel falou já na rua, do lado de fora da Casa Rosada.
Foi o primeiro encontro das autoridades brasileiras com o novo chefe de Gabinete (Casa Civil), Jorge Capitanich, que é hoje o rosto mais visível do governo de Cristina Kirchner. O ministro da Economia, Axel Kicillof, e o substituto do polêmico secretário Moreno, Agusto Costa, já tinham viajado à Brasília, em novembro, onde se reuniram com Pimentel e com o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Luiz Alberto Figueiredo Machado. Na época, Kicillof era vice-ministro da Economia, mas já atuava como responsável pela pasta em vários setores, de acordo com assessores do governo argentino. Naquele encontro, o tema central da reunião foi a discussão sobre a proposta conjunta do Mercosul para um acordo de livre comércio com a União Europeia. “Capitanich é uma pessoa que tem uma visão como a nossa, voltada para a integração e para construir uma integração comercial e produtiva entre o Brasil e a Argentina, especialmente para fortalecer o Mercosul”, disse Pimentel.
Pimentel disse que ficou combinado que os calçados brasileiros que estavam impedidos de entrar na Argentina, como resultado das barreiras aplicadas na era Moreno, serão liberados para entrar neste mercado vizinho a partir da semana que vem. “Todos os produtos brasileiros que estavam com problemas, inclusive os calçados, serão liberados já a partir da semana que vem”, disse o ministro, que estava ao lado do assessor especial da Presidência, Marco Aurélio Garcia, e do embaixador do Brasil em Buenos Aires, Everton Vieira Vargas. “O importante é que o que mais estava preocupando aos nossos exportadores, agora está resolvido”, acrescentou Pimentel.
João Müller