O novo momento político brasileiro, apesar de ainda instável, já acende uma luz no fim do túnel. Não é a Abicalçados que coloca isso, é o semblante dos próprios empresários, que com a sinalização positiva do mercado já iniciam o planejamento visando a retomada da competitividade e dos investimentos. Nos últimos dias de maio, circulando pelos corredores do Salão Internacional do Couro e do Calçado (SICC), em Gramado/RS, pude perceber a melhora significativa no ânimo dos empresários do setor calçadista. Sabemos que a recuperação da economia não será no curto prazo e também não virá sem o esforço por parte da indústria que, na linguagem popular, terá de “cortar na carne” para ajudar o governo a colocar a economia em ordem novamente. O pacote anunciado recentemente pelo presidente interino Michel Temer agrada e sinaliza para uma política de austeridade, de regras que, com respeito ao dinheiro público, visam colocar as desordenadas contas públicas em ordem outra vez, recuperando a credibilidade do Estado brasileiro perante os investidores nacionais e internacionais. Cientes das condições do Tesouro da União, também saudamos a flexibilização da excessiva regulamentação ora vigente na área tributária e trabalhista, já que qualquer medida que envolva recursos financeiros, neste momento, é praticamente inviável do ponto de visto do erário. É preciso, acima de tudo, criatividade e proatividade, algo que podemos identificar no novo governo. O primeiro semestre de 2016, a repetição dos anos recentes, foi de indicadores negativos para o setor. No entanto, a partir do segundo semestre, devido aos fatores já mencionados, esperamos iniciar uma melhoria no cenário econômico, o que deve balizar uma recuperação mais robusta a partir de meados de 2017. O fato é que as crises política e econômica provocaram quedas em todos os indicadores possíveis na primeira parte do ano, até mesmo nas exportações, onde tínhamos esperanças de dias melhores devido à valorização do dólar e à recuperação de alguns dos nossos principais mercados, como Estados Unidos e Argentina. No trimestre, dados do IBGE apontam para uma queda de 13% no volume de vendas no varejo. Já no cenário internacional, embora menor, a queda também é importante, especialmente levando em consideração a expectativa positiva que tínhamos no final do ano passado. Nos quatro primeiros meses, embarcamos 40 milhões de pares por US$ 295,8 milhões, 4,6% menos do que no mesmo período de 2015 – que já havia sido fraco. O resultado desses indicadores foi uma queda no emprego na atividade em torno de 8%. Colocada a economia em ordem, recuperadas as condições mínimas de competitividade e a confiança por parte do consumidor, poderemos ter uma retomada a partir do ano que vem. Por ora, é importante apoiarmos o novo governo nas medidas para a recuperação da atividade econômica com vistas ao desenvolvimento econômico e social o mais breve possível.
Fonte: Editorial do Informativo Abinforma, palavra de Heitor Klein -Presidente-executivo da Abicalçados
JUNHO 2016 | Nº 298 | ANO XXVI