Os trabalhadores calçadistas se depararam neste início de ano com um novo problema que até então pouco havia afetado as condições de trabalho: o calor excessivo. O verão de 2014 se notabilizou pelas temperaturas recordes que atingiram a região sul do Brasil.
Desde os primeiro dias de janeiro, quando as fábricas retomaram as atividades após o recesso entre Natal e Ano Novo, a diretoria do Sindicato dos Sapateiros passou a receber constantes reclamações sobre problemas ocasionados pelo forte calor. Além de protestarem contra a falta de refrigeração e climatização, trabalhadores relatavam casos de falta de bebedouros, locais sem ventilação ou com sol atingindo os empregados e até mesmo casos de pessoas passando mal. Com a repetição dos dias quentes demais, a diretoria passou a manter contatos constantes com as empresas, fazendo até visitas para verificar a situação e identificar o que poderia ser feito. Por fim, o presidente João Pires decidiu convocar uma reunião com representantes das empresas, incluindo setores de saúde e segurança do trabalho e integrantes das comissões de prevenção de acidentes.
A reunião realizada no dia 13 de fevereiro contou com a importante presença do Auditor-Fiscal do Trabalho Rafael Jassen Aires de Araujo. Ele fez uma palestra sobre as questões legais que envolvem os cuidados com a saúde do trabalhador, visando principalmente a questão das condições adequadas. Mesmo reconhecendo que a legislação é limitada no que diz respeito à temperaturas, deixou claro que o Ministério do Trabalho tem como agir nestes casos, cobrando que as empresas ofereçam as condições mais adequadas possíveis.
Representantes das empresas presentes revelaram algumas das ações que já foram feitas, mas ponderaram que fazer modificações mais profundas, como a climatização total das áreas de produção, tem um alto custo que nem todas as empresas podem pagar. Mesmo assim, mostraram que o problema do calor foi reconhecido pelas direções e que é preciso fazer algo para evitar que se repitam os problemas verificados neste verão.
Segundo o presidente do Sindicato dos Sapateiros, o principal mérito da reunião foi estabelecer um diálogo mais direto com as empresas, mostrando que a entidade está atenta ao problema e vai seguir cobrando ações para evitar que o calor forte seja mais uma dificuldade para os sapateiros. João Pires considera a possibilidade de criar um grupo de trabalho para atuar em conjunto com as empresas na busca de soluções. “Mas, deixamos claro que, se nada for feito, o Ministério do Trabalho poderá atuar mais forte neste caso”, concluiu o presidente.
Divulgação: João Alberto Müller