Passado um mês e meio do protesto de trabalhadores calçadistas que fecharam a Ponte Internacional de Uruguaiana por mais de 12 horas, finalmente o Governo brasileiro anunciou nesta quarta-feira as primeiras ações que vai tomar para impedir que o bloqueio argentino resulte em demissões no setor. Em reunião com lideranças empresariais e políticas, a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, revelou que o Governo brasileiro enviará um representante a Buenos Aires para negociar a liberação dos calçados, além de propor auxílio na busca de novos mercados para as indústrias calçadistas.
Marcada a pedido do senador Paulo Paim (PT), a reunião com a ministra Gleisi contou com as presenças da também senadora Ana Amélia Lemos (PP), dos deputados federais Renato Molling (PP) e Marco Maia (PT), do diretor da Abicalçados e de Calçados Bibi, Rosnei Alfredo da Silva, do diretor do Grupo Priority, Eduardo Schefer, do diretor da Associação Comercial e Industrial de Novo Hamburgo, Marco Aurélio Kirsch, e do assessor-chefe da Assessoria Especial da Casa Civil da Presidência da República, Charles Capella de Abreu. Na terça-feira, os dois senadores gaúchos fizeram pronunciamentos no plenário mostrando a situação difícil que as empresas calçadistas vem enfrentando com o bloqueio do governo argentino para a entrada do sapato brasileiro.
A primeira boa notícia do Governo na reunião desta quarta-feira foi a informação de que o secretário de Comércio Exterior do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Daniel Godinho, atendendo a um pedido do ministro Fernando Pimentel, está indo a Buenos Aires para um encontro com o novo ministro da Economia, Axel Kicillof, para tratar de maneira prioritária da questão dos calçados. Outra ação divulgada no encontro com Gleisi Hoffmann foi a de que o presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), Mauricio Borges, está em Novo Hamburgo para discutir com o presidente da Abicalçados, Heitor Klein, uma política para buscar novos mercados ao calçado brasileiro. Segundo a senadora Ana Amélia, ogoverno entende que este setor tem alta evolução tecnológica e de design, além de ter um alto nível de emprego, e por isso a Apex projeta para médio e longo prazos a abertura de novos mercados.
A senadora também pediu durante a reunião que o governo mantenha o Regime Especial de Reintegração de Valores Tributários para as Empresas Exportadoras (Reintegra) para 2014, como política de incentivo às exportações, incluindo as do setor coureiro-calçadista. O programa, que permite a devolução de até 3% do valor exportado para a empresa na forma de créditos tributários de PIS e Cofins, é válido até dezembro de 2013. A senadora declarou à ministra que já encaminhou emenda na Medida Provisória 627 para prorrogação do Reintegra no próximo ano.
Na manhã desta quinta-feira a Abicalçados promoverá em sua sede entrevista coletiva para falar sobre o assunto e informar os próximos passos dos calçadistas na mobilização em defesa do calçado brasileiro.